A GUERRA ESTÁ POR VIR.
NÃO QUEREM MAIS PEDAÇOS,
QUEREM O MEU CORPO INTEIRO,
NA PUJANÇA DOS DIAS MELHORES.
NO MEIO DA BOMBA,
VOU DE TREM A UM SALAR DE SAL,
ONDE É DOCE A BELEZA DUM EX-LAGO
ENCANTADO POR UMA FLAUTA MELADA,
COM RUÍDOS SEM DIREÇÃO CERTA...
BEIJO O COPO DE CAFÉ NUM VAGÃO VAZIO.
MEU VAZIO TÁ CHEIO DE GENTE.
LEIO JORNAIS TOMADOS DE POLÍTICA,
DE SANGUINÁRIOS POVOS SANGRENTOS.
MEÇO AS CONCORDÂNCIAS DO MEU HORÓSCOPO
QUEBRO A REGRA E A RÉGUA.
DIZ PRA CUIDAR DA SAÚDE
PRA CUIDAR DO DINHEIRO.
NO MEIO DE TANTA LETRA,
NÃO DIZ NADA SOBRE MIM OU EU MESMO.
SUSPIRO E INSPIRO UMA POEIRA INVISÍVEL
NUMA ALTA PLANÍCIE IMPERCEPTÍVEL
NUM CHÃO JÁ INATINGÍVEL, INCRÉDULO.
(TERNO CHÃO DE RIOS)
ATRAVÉS DE JANELAS FECHADAS
BEIJO UMA GARRAFA COM FLUIDOS
JÁ NÃO CORPÓREOS.
VEJO MEU SUOR INDO EMBORA.
LEMBRO MEUS JOGOS DE INFÂNCIA,
SEM SUOR, SEM TRAMOIAS...
A JANELA QUE NÃO ABRE É UM PRESENTE.
MINHAS COSTAS SÃO TODO MEU PASSADO
MEU PEITO NÃO É CORAGEM
SENÃO GUARDIÃO DUM MÚSCULO QUE PULSA,
DE BALÕES QUE INFLAM E VAZAM.
PROCURO PALAVRAS DIFÍCEIS,
MAS É FÁCIL ANDAR DE TREM,
OS HORRORES FICAM NAS ESTAÇÕES.
PROCURO RAIOS DE SOL NAS ESTRELAS
(MELHOR BUSCAR MEU REFLEXO
NOS SATÉLITES ILUMINADOS)...
SENDO LUMINOSO, IRRADIO POESIA
NESSA BAGUNÇA DE CACTUS ERETOS
E DESERTOS OÁSICOS.
NO MEIO DE HOMENS SÁBIOS
NOMEADOS HOMENS SAPIENS
ENTRE BOMBAS DE CHOCOLATE E NAPALM.
TENHO AGORA A IRA D´UM CANINO
SERRADO PELO TEMPO.
A FALSIDADE DUMA IRMANDADE
QUE NÃO CRUZA O MINGUINHO,
NÃO DÁ E NÃO TEM CONFIANÇA...
ASSIM SIGO NOS TRILHOS DA VIDA,
CHACOALHANDO TIPO AS CORES
PROCURANDO O CINZA.
CONHECENDO E ESQUECENDO AS PESSOAS
ESCREVENDO E INDO SÓ NO TREM DA VIDA.
