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terça-feira, 29 de julho de 2008

PORTO QUENTE

Aquece e acalenta minha alma a fervorosa panela central da minha cidade. Aquece meus pensamentos que até então estavam inertes defronte do escaldante redondo céu que a qualquer mata-borrão não se assemelha.
Celeste é o meu teto e Gris é o meu chão. 
Vou regurgitando minhas falsas verdades que não se atrevem a peitarem minhas mentiras.
É no verão que acendo minha chama fria que teima em arder sonâmbula entre meus dedos, piscando às custas de qualquer combustível. O gás é perfeito para minhas explosões, é oxigênio nato, barato, vagabundo, é um dos fogos que aquece minha cidade. É o suor frio que escorre em rostos torturados, contornando cicatrizes de outros verões, é o sal que azeda meus poros, e que logo me secará. É uma dor interior que descontrola meus dentes, mordendo meus lábios, estes dois que se revezam, guardiões de meus raros cuspes, salivas poluídas, palavras atrasadas, que no verão saem mais lentas, cansadas, quando saem.
Debaixo do sol fabrico idéias de fábrica, de baixo custo, de graça, sem graça, pois no calor a natureza é toda sexo, e meu único reflexo é esperar o Outono, vagando sempre com sono...
( navego nesse rio de estações , onde se dilatam e retraem todas as pontes, onde findam-se todas as fontes.)
camargooo jan2004

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